quinta-feira, 5 de maio de 2011

OUTRA CRÔNICA SOBRE A GALERIA DO ROCK: A FESTA MISTERIOSA

A Galeria do Rock deve ser o espaço mais democrático de São Paulo, e por isso mesmo é uma maravilha trabalhar aqui, nada mais odioso que o preconceito. Vivemos alardeando aqui que somos total e absolutamente contra todo e qualquer tipo de preconceito. Aqui tem de tudo, e viva a diferença, um mundo igual seria um inferno... E, dentro desta Galeria democrática, somos um dos representantes do rock, melhor dizendo: ROCK, o estilo de musica e de vida, e é nesta condição que nos expressamos.
Melhor antes esclarecer que existem várias definições para o termo “rock”, antes era pouco conhecido, apesar de ter surgido nos anos 60 e ser, portanto, um senhor grisalho, e graças à sua atitude, e esta é a palavra, aos poucos foram (grande mídia que banaliza tudo, gente sem imaginação, aproveitadores...) se apropriando do termo e, de um estilo e sub-estilos, hoje representa, entre outras coisas, um comportamento um pouco mais rebelde, livre, diferente... E não é uma crítica, isto acontece, é assim mesmo. Um exemplo geral: Rock in Rio tem pouquíssimo ROCK, a não ser pra quem considera Gilberto Gil e Lady Gaga... E, objeto desta crônica: a Galeria do Rock, que está cada vez mais galeria e menos ROCK, basta lembrar algumas iniciativas como Michael Jackson em estátua de tamanho natural, como as bregas estátuas da Madame Tussaud, expostas aqui por semanas... Houve um boato (e pesamos bem o termo) de que a Galeria do Rock se chamaria “Galeria de Todas as Tribos” ou algo assim, o que talvez fosse um termo mais, digamos, honesto, para os dias de hoje...
No meio de tudo isso, nos localizamos: nossa especialidade é atender o amante do verdadeiro ROCK, quem gosta e pauta sua vida toda com atitudes e colecionando produtos de bandas de rock. ROCK. Aquele que tem como filhos o hard, punk, heavy, melódico, death, thrash, stoner, psicodélico, glam, southern, classic, NWOBHM, etc... Este é o ROCK ao qual pertencemos, tanto nós que redigimos quanto a você, que lê e, claro, a todos os seres humanos, TODOS, que se identificam, simpatizam, toleram, respeitam, perdoam, têm paciência, conosco, e até os que não têm nada disto, ai cabe a nós nos utilizarmos destes termos todos, civilizadamente, educadamente, respeitosamente, e tratarmos a todos como gostamos de ser tratados...
Agora a festa. Se é que houve festa, é um mistério. Num belo dia vimos o chão todo brilhando, tem até um pouco de resina que entrou na loja e não sai com nada, e uns holofotes mirados justamente pra Die Hard. Achamos legal, tiramos fotos, curtimos... No dia seguinte começaram as perguntas que não tínhamos resposta, por exemplo: Tocou um bluesman filho de um famoso aqui ontem à noite? Teve uma festa onde se comprava a ficha numa loja que ficou aberta? Fizeram performances que tinha até grafite? A Red Bull patrocinou uma festa aqui? Os elevadores funcionaram? A festa era fechada? Quem eram os convidados? Esta festa foi pra que? Era pra divulgar a Galeria ou usaram a Galeria pra divulgar o que? Tem um Instituto envolvido? E por aí vai... A nossa resposta é: Não sabemos. Simples. Não temos nenhum envolvimento. Aliás, nem sabemos se houve mesmo algo tipo uma rave, ou seja lá o que for, aqui. O certo é que no dia seguinte achamos um pedaço de madeira parecendo um calço, que está aqui conosco aguardando alguém que reclame sua posse. E o chão do segundo andar continua brilhante. Só o do segundo andar.
Não nos importamos, pois não nos incomodou em absolutamente nada, achamos que a Galeria está comportada até, e não está mais pagando micos culturais constrangedores, aqueles onde se confunde os sentidos do termo “rock”. Aliás, ouvimos dizer em algum lugar que contrataram profissionais pra fazer o perfil da Galeria no Facebook e afins, isto é louvável, e se houve uma festa, e se foi pra divulgar a Galeria, parabéns. No Whiplash tinha algo sobre este evento, enviaram uma nota à imprensa, tomara que seja fruto já destes profissionais contratados.
Claro que eles devem ter resolvido isto lá naquelas reuniões, deve estar tudo nos conformes, não é disto que se trata este texto, aliás, devemos até ter sido convocados pra ajudar a decidir, mas nós não participamos disto, nem de nada tipo agremiações, associações, ou afins, preferimos ficar ouvindo aquela música porrada dos Titãs :)
O ROCK inclui. A frase abaixo de Tom Warrior do Celtic Frost, resume um monte de coisas, apesar de exagerada:
“Não importa o quão baixo seja o nível técnico de parte da música pesada – em muitos casos é baixo mesmo – é quase impossível tocar de maneira convincente para o público se o cara não vive, respira e entende isso, se não está enraizado em seu próprio sangue. Pois a música pesada reside nos instintos primitivos – nas vísceras - ; é difícil para um cara de fora manejar isso mental e fisicamente, não interessa quanto talento ou vontade ele tenha.”
Vincent Morrison

Um comentário:

Luiz Matos disse...

Olá amigos da Die Hard, eu realmente sinto saudades da galeria do rock de antigamente de cerca até de 7 anos atrás, quando era ROCK mesmo. Atualmente esse monte de lojas de tatuagens, piercings, emos e coisas de "indies" são um saco, sobram lojas de skatistas e tematicas até de grupos terroristas (camisas, uniformes entre outras bobagens)a galeria está totalmente descaracterizada, até o público que visita o local hoje são de outros perfis que de ROCK não tem nada. Se bobear do jeito que está indo, logo logo vai ter loja vendendo cd de forró brega em algum lugar da galeria, o que seria lamentável e não é de se duvidar não. Mas ainda bem que existem vocês da Die Hard para levarem adiante a bandeira do verdadeiro Rock, assim como muitos outros batalhadores que ainda seguem firmes na galeria.