segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Tosqueira

TOSQUEIRA

Mendigos nas ruas, ciclistas atropelando pedestres, som alto nas periferias noite adentro, o governo mentindo descaradamente através da mídia comprada, programas de TVs pra distrair zumbis, gente correndo pra sentar primeiro na cadeira do metrô e fingir estar dormindo quanto o idoso entrar, ódio nas redes sociais, gente “de esquerda”, “de direita”, até querendo ditadura (sic), desvio numa obra aqui, um adendo de contrato ali, agência reguladora regulada pelos regulados, grandes corporações fazendo leis, legisladores rasgando leis propostas pelo povo, gente que não retorna ligações, que não responde aos e-mais, que não admite culpa se achando o infalível superior, agindo desonestamente em tudo, no sinal, no estacionamento, no ponto de ônibus, na fila do mercado, achando normal ou praticando vingancinhas, perderam a vergonha ou, pior, a consciência serem toscos e de estarem piorando tudo, pra si e pra nós... E a gente já inchado com tudo isso. Nada de educação, nada de infraestrutura, nada do que antes era básico como direitos adquiridos, deixam as invasões e as bolsas disso ou daquilo comprarem o miserável povo humilhado, deixam os serviços públicos no pé em que estão, e em breve a previdência como a conhecíamos desaparecerá, os direitos todos desaparecerão, temos autoridade e não justiça, mas a imprensa vende normalidade, e a vida continua, e é isso mesmo o que se pode esperar “deles”. Estão nos empurrando a ideia de um estado democrático de direito, mas como se democracia fosse apenas um bando de idiotas escolhendo quem vai nos roubar a todos. E a consequência disso tudo cada vez mais perto de nós, resumindo, é tosqueira pra todo lado. Na indústria, nas artes, em tudo, a padaria o cara nem olha mais na sua cara, no restaurante seu almoço agora faz mal e ficou mais caro, o taxista agora fuma e ouve a rádio dele na sua viagem e ainda faz cara feia, o zelador lhe diz não com pose de general, e a tosqueira continua, e chegando cada vez bem mais perto. O Brasil está piorando, não o mundo.

Abrimos a Die Hard e não uma outra microempresa por alguns motivos básicos, os principais, por termos intimidade com o produto, por já sermos consumidores destes produto antes, sendo assim mais fácil criar melhores condições e atendimento, fazendo a diferença. E estamos trabalhando nisso nestes já quase vinte anos. Mas temos de driblar as condições cada vez piores em que trabalhamos, tentar driblar esta piora no país enquanto lutamos para reverter a situação. Mas agora a tosqueira chegou muito perto. Os Correios, que fazem parte do “serviço público”, cada vez pior, talvez tentando justificar uma terceirização pro serviço ficar “melhor” como as telefônicas (outro sic). Demoram, atrasam, inserem informações equivocadas no rastreio, dificultam a abertura de reclamações, e nós aqui da Die Hard tentando garantir tudo o que eles é que deveriam garantir, tentando fazer transparentes as deficiências deles. Mas sempre abrindo o jogo com o cliente, a verdade sempre. Os bancos e os cartões de crédito e débito e o tal vale cultura também não ajudam, têm suas super taxas, suas burocracias, suas regras, sua lerdeza, e nós aqui gerenciando estas outras deficiências. Uma compra paga com boleto bancário demora pra cair mais do que qualquer outra forma de pagamento, e a taxa é tão alta que chega a anular boa parte de uma margem justa. Em nenhum dos casos há maiores explicações ou pedidos de desculpas, como na maioria dos serviços públicos, concessão pública ou grandes corporações, tudo fica sempre por isso mesmo, não temos muito por onde escapar, estamos reféns destas más administrações, dos call centers irônicos e ineficientes, mas estamos por aqui, sempre em diálogo com o cliente, contando que ele tenha consciência das condições do país em que vive, e contando também com sua boa vontade.

E a tosqueira chegando mais perto ainda. Justamente na crise, onde a criatividade e o empreendedorismo deveriam se fazer valer, não é isso ainda que acontece, as grandes gravadoras não lançam o que teriam de lançar, e quando o fazem é com um atraso injustificável, e ainda reclamam dos produtos importados no mercado, e fingem não saber que, geralmente, o valor que cobram não condiz com a qualidade do produto que entregam. Mas tem gente tentando, gravadoras pequenas que ainda não têm catálogo, que lançam um produto e correm pra se desfazer dele o mais rápido possível pra poder lançar outro; algumas que ainda lançam com uma distância maluca entre um título e outro, a ponto de imaginarmos que desistiram. Outras que distribuem o produto com defeito e depois saem recolhendo... Mas estão tentando. Nosso mercado tem muito amor pelo produto, mas pouco profissionalismo ainda. Muitos intermediários, muita gente com a função trocada, nós mesmos, que somos loja, lançamos alguns CDs que não poderiam ficar fora do mercado nacional. Alguém tem de fazer. Imprensa sendo distribuidora, distribuidora sendo varejo, varejo sendo gravadora, e a tosqueira sempre espreitando. Nosso produto precisa ter qualidade, não vai dar certo lançar produtos feios, cópias mal feitas dos gringos, ou lançar produtos muito mais caros, ou lançamentos atrasados... Ações assim não tem como funcionar em nenhum mercado, com nenhum tipo de produto. Nós não podemos depender de investidores que usam o CD de forma equivocada, distribuindo-os como cartões de visita, não que isso seja proibido, mas não vai dar em nada, é óbvio, como não vai dar em nada as pessoas achando que dinheiro fabrica superstar quando é justamente o contrário que sempre funcionou. Entregas de última hora, correria sem objetivo, erros primários em impressões, horários não cumpridos, compromissos esquecidos, detalhes ignorados, má educação, falta de resposta, desrespeito e insulto à arte. Nunca vai funcionar assim. Nunca foi e nunca será. Mais um clichê: o certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo e o errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. E não adianta só querer estar certo, é o primeiro passo, mas o que vale mesmo é fazer o certo.

Quando alguém reclama conosco, agradecemos, há um interesse em fazer com que melhoremos, senão a pessoa teria simplesmente ignorado. Vamos melhorar o processo, o atendimento, o protocolo. Claro que precisa uma atenção especial, inclusive pra ter certeza do que e de quem a pessoa está falando, usar o bom senso, mas não há ninguém que se revoltará quando entender que a crítica é pra melhorar, seja o crítico ou o criticado, o bom senso sempre serve pra tudo o tempo todo.
Passemos logo para a próxima etapa, respeito, ética, planejamento, investimento no produto e no serviço e não no lucro, até atingirmos o tal estado da arte, chega do botão fuck ligado.

Esta é nossa luta, é parte de nossa reflexão de vinte anos tornada pública. Continuemos, mas melhores, mais atentos, façamos cada dia algo melhor, evitar repetir erros, evitar retrabalho, não aceitar produto ruim, não aceitar um atendimento ruim, escolher pela afinidade, por quem respeita seu dinheiro, seu suor, seu sentimento. Boicotemos a tosqueira.

Reclame, sempre pedimos isso, aponte onde podemos melhorar, a palavra é Kaizen!

Na foto, Durval e Lucas lutando contra a tosqueira :)



Um comentário:

Unknown disse...

até o momento o atendimento que sempre recebi da DIE HARD é exemplar, tanto na compra como no pós venda.
no Brasil empreendedores sérios como vocês, são cada vez mais raros e pra piorar temos serviços públicos e privados cada vez mais precários e caros.