Enfrentamos alguns problemas sistêmicos, um círculo vicioso
talvez alimentado pela nossa desordem política e social. O comércio precisa de regras
e leis que o garantam; naturais, éticas, fiscais, jurídicas, comportamentais,
culturais. Estes problemas estão se transformando em regras, inversão surreal
agravada pela inércia, deixamos que tudo piore até o extremo, ao invés de agir,
aguardamos. Em sociedades mais desenvolvidas estes problemas são a exceção, temos
fornecedores de diversos países que nos comprovam isso diariamente. Nos
animamos à essa exposição pois colecionadores do nosso estilo musical têm
interesse em detalhes do negócio, lemos as fichas técnicas dos álbuns, sabemos
de decisões contratuais das bandas, da vida dos músicos até os mínimos detalhes.
Todos estamos nos adaptando
à digitalização, mas algumas das nossas gravadoras ainda estão com dificuldades
básicas, principalmente (mas não só) as multinacionais milionárias que antes mandavam
em tudo, e hoje esbanjam burrice e surdez, mas não perdem a arrogância.
Produtos caros sem qualidade, lançamentos atrasados -quando lançam-, recusa de
pedidos por motivos administrativos, atraso nas entregas, erro nos pedidos
trocando títulos, erro nas quantidades, não enviam o que pedimos mas enviam o
que não pedimos, negligenciam a troca de produtos defeituosos, etc. Isso gera
prejuízo, insegurança e stress. No mínimo, retrabalho.
As lojas também estão na
luta pela adaptação aos tempos digitais. As que tratavam seus produtos como lixo,
as que vendiam piratas e usados com defeito e as descompromissadas com o
cliente foram as primeiras a sumirem. Darwin. As que sobraram, somos uma delas,
passam por outros problemas, e não são os financeiros, não é o assunto aqui.
Começando por gravadoras
e distribuidoras que também vendem no varejo. Elas podem vender ao cliente por
um preço próximo ao de atacado, as lojas não conseguem concorrer. Sites de
venda de revistas também entram nessa, comércio não deveria ser assunto delas.
Inicialmente é vantagem pro cliente, mas racha regras ancestrais comprometendo
o negócio como o conhecemos. Lojas especializadas se adaptam, mesmo crendo ser
um atropelo à ética e à falta de regulação. Concorrência é a palavra chave do
comércio, justamente estimulada pela imprensa e pelo Estado. As lojas que
sobraram certamente não a temem, afinal concorrer é se fortificar, se
atualizar, se ADAPTAR. Darwin de novo. Mas concorrer assim é desleal. O cliente
saber disto já é o suficiente para nós, para que não sejamos comparados
desconsiderando isso.
Mais do que concorrência
desleal é o comércio informal. Sabemos que as pessoas precisam sobreviver, e não
nos cabe julgar, mas fato é que as redes sociais estão inundadas de pessoas
cuja ocupação principal é esta, e desconfiamos que trabalham com produtos
adquiridos das mesmas gravadoras que vendem para as lojas formais (já não
bastava venderem também no varejo), esta desconfiança vem do preço que praticam.
Falamos com a autoridade de quem está estabelecido formalmente desde o primeiro
dia de nossa existência, e de também já ter passado pelo desemprego. Mas aceitamos
as regras do jogo, passamos pelas dificuldades de se empreender formalmente no
Brasil, cumprimos todas as exigências legais, fiscais e jurídicas. E geramos
empregos (no plural). A concorrência ainda continua boa mesmo assim, por
enquanto ainda estimula. Mas continuamos a pedir que, ao sermos comparados, que
se considere também isto.
Concorrer sem ética e de
forma desleal ainda não derrubou todas as lojas, mas a desonestidade talvez
consiga. Sobre a pirataria agora. Antes, porém, separemos os piratas dos
bootlegs. Piratas são cópias inferiores de CDs oficiais, geralmente se parecem
(pouco, convenhamos) com os originais, mas sempre inferiores; e bootlegs são
produtos não oficiais mas de extrema importância cultural, contém ensaios,
entrevistas, shows e outtakes, às vezes de baixa qualidade sonora, mas sempre
prensados (não são cópias feitas em casa), a maioria com a arte refinadíssima,
dando uma lição no que poderia estar fazendo a indústria. O mercado está
invadido, por piratas “russos”, não confundir com russos originais, que tem preço
e qualidade dos europeus (obviamente) e difíceis de se encontrar no Brasil. Se
encontrar um CD “russo” feio e barato, é pirata e, para o nosso desespero, os piratas
nacionais retornaram ao mercado. O maior dos problemas é a gravadora que detém
os direitos não se animar a lançar o original. Um problema relacionado é que algumas
lojas não avisam o cliente. A decisão sobre a compra é individual, soberana,
mesmo que prejudique músicos, gravadora, lojas e que comprometa toda a cadeia
produtiva, mas que se saiba que está comprando um pirata. Sempre usamos uma
frase de John Ruskin:
“Dificilmente existirá alguma coisa
nesse mundo que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais
barato, e as pessoas que considerem somente preço são as merecidas vítimas.” Nós
não vendemos piratas, só originais e novos.
Muita gente pensa que a
música digital afeta o mercado (classic rock e heavy metal), isso não é
verdade, a música digital foi um ganho, mas são de qualidade inferior aos
discos físicos (LP, CD, DVD...), basta pesquisar, só pra citar uma fonte, o
livro de nome revelador “Como a Música Ficou Grátis”, de Witt Stephen. Não passam
de uma espécie de rádio com maior liberdade de escolha. Música digital nada tem
a ver com comprar CD, LP e DVD, que, além da qualidade imensamente superior, tem
a arte, e é um investimento dos mais lucrativos que existem. Nos proporcionam
um prazer que só quem compra, quem gosta de colecionar, é que sabe, nosso
último anúncio tem este tema. De valor inestimável é a consciência, a certeza
de que comprando um produto oficial, parte do seu dinheiro investido vai pros
seus músicos preferidos, pros estúdios, técnicos e artistas que o produziram,
pra estrutura toda, gravadora, loja, transporte, e muitos empregos indiretos, e
para os impostos. Estas são as consequências e as vantagens de se seguir as
regras que citamos no início deste texto. E não vale dizer aqui que a
informalidade é um calote no mal e corrupto governo, esse é outro assunto, para
resolver este problema há de se substituir este por um governo melhor, sonegar
não é, definitivamente, e nunca foi a solução.
No fim das contas o
mercado sempre se reequilibra, em qualquer setor, preços fora da realidade não
se viabilizam, empresas sem visão do próprio mercado somem, acaba vencendo o
produto e o serviço que nós, como clientes, privilegiamos, por isso, pretendemos
com este texto alertar sobre estes vícios para melhorar o nosso sistema, não é
uma reclamação vazia ou lavagem de roupa em público, é um assunto sério. Quem
não está feliz com o que faz, faça outra coisa. Se continuamos no negócio é porque
ainda é viável, nos orgulhamos de nunca termos parado de crescer. Esta é uma
atividade feita com amor. Não somos e nunca seremos uma loja de ofertas, não temos
como privilegiar preços. Nosso sistema é de qualidade, operamos na formalidade e
apenas com produtos originais novos e documentados, atendimento profissional
cortês personalizado, mecanismos eficientes e seguros de venda, rapidez nas
vendas à distância, serviço de pós-venda eficiente, ampliação constante do
catálogo de clássicos, novidades quase sempre em primeira mão, muito material
exclusivo, serviços de encomenda e avisos, pré-venda, contatos com bandas e
pequenos selos... Isso tem um custo, é o resultado de nosso trabalho, empenho e
dedicação. Somos éticos e respeitosos, porque AMAMOS o que fazemos, somos
colecionadores e também compramos nossos produtos. Consideramos nossos clientes
como parte da família, se você que está lendo isso for nosso cliente, sabe que
é real. Nossos profissionais são competentes, se recolocariam no mercado de
forma digna imediatamente, os gerentes e proprietários da Die Hard têm outros
trabalhos há muitos anos, não dependem mais apenas da Die Hard, e isto está
sendo dito sem nenhuma arrogância, apenas pra reforçar que preferimos esta luta,
luta contra a informalidade, deslealdade e desonestidade. Uma luta pra lá de agradável,
trabalhar ouvindo metal ou classic rock o tempo todo é um sonho realizado, e se
você já veio na loja sabe disso, SEMPRE estamos ouvindo som com prazer, SEMPRE.
Finalmente as sugestões.
Duas. A primeira é nos conscientizarmos sobre o modo como nós, cada um de nós,
tratamos do exposto até aqui, a atitude de cada um, individualmente. Sem ter de
dar satisfação a ninguém. Consciência. Só isso. A segunda é não aceitar menos. Exija
competência, rapidez, tratamento respeitoso, pós-venda rápida e profissional sem
cara feia, ambiente seguro, cortês, limpo e organizado, respostas claras,
rápidas e satisfatórias, exija um site competente e atualizado, exija não só o
que está na lei, isso tem de ser cumprido por todos nós de qualquer forma,
exija mais, que tenha os produtos que você quer o mais rápido possível, catálogo
extenso e saboroso, o produto intacto, bem embalado, por final, se o produto
que comprou pode melhorar, não hesite em entrar em contato com a gravadora,
ligue, envie e-mail e exija resposta, não compartilhe com a tosqueira geral que
está ameaçando tudo neste país e que ameaça também, e seriamente, um dos seus
prazeres que é o CD, LP, DVD original intacto e seguro. Exija justiça. Você não
vai ser agradável, é como este texto aqui, não é pra ser agradável, é pra conscientizar,
pra mudar. Em outros setores isto é normal, sejam grandes associações como a dos
bancos ou das montadoras de automóveis, mas também de vendedores ambulantes e
sindicatos sérios em geral. Precisamos conhecer o inimigo para combate-lo.
Boas festas e feliz 2018.
Com esperanças!
Nenhum comentário:
Postar um comentário