quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Mídia...

Com o tempo tudo vai virar digital, bem, com o tempo... Lá vai tudo de novo, com o tempo, na verdade, ninguém sabe de nada, sempre vou recorrer ao personagem Winston Smith, de 1984, de George Orwell, ele arrisca a vida por recursos físicos pra poder ler e escrever. A indústria, sempre a indústria, quer matar algo antigo, geralmente de concorrentes, pra fazer vingar o seu produto mais novo, ”melhor”, mais ”moderno” (o modernismo tem 100 anos, olha o paradoxo aí!!!), é do sistema, sempre foi e sempre será (será?). Sempre parece óbvio, sempre parece encaixar, parece teoria da conspiração. Não vou me meter a futurista, tenho até preguiça, mas vou ficar no meu mundo, que qualquer um pode chamar de bolha, porém, não sou só eu, nesta bolhona tem muita gente, muita mesmo...

Não adianta comparar nosso estilo musical com a indústria pop. Games, música comercial, sei lá mais o que, o rock’n’roll, chamemos assim, com todos os estilos e derivados que vc sabe muito bem quais são, foi criado para a mídia física e vice-versa, e assim tem sido. Voltaram vinil e K7, e o CD está vencendo brilhantemente todas as barreiras. Incluo música instrumental, MPB de qualidade, jazz, música clássica e alguns outros estilos, não só rock’n’roll. Me animo a dizer isso porque sou um colecionador, antes de pensar em ter a Die Hard com meu irmão André Mesquita. Quero ter a mídia física (que ainda chamo de disco, seja vinil ou CD), por vários motivos, primeiro porque eu gosto e pronto, gosto de colocar nos players (vitrola uai), mas também porque sei que parte da minha grana vai pros músicos que eu tanto amo, e pras pessoas que fizeram o CD possível, desde as gravadoras até gente de loja como eu, estabelecida formalmente e com funcionários, estrutura funcionando e impostos pagos, mas tem mais, não consigo pensar num álbum sem a sequência correta das músicas, a seção toda daquele álbum existiu só para que o álbum existisse daquele jeito, é óbvio, os técnicos, o produtor, o investidor, tudo... Inspiração e investimento. E também não consigo pensar um álbum sem a capa e sem a arte. Resumo, não consigo pensar um álbum que não seja um disco (vinil, CD, até K7). Não devo ser só eu... E uma coisa importante, a qualidade de som, não há comparação, e não sou eu a falar, isso é comprovado, o som da mídia física é sim, desculpe, superior. Imensamente superior. Sem contar nas músicas que são naturalmente sem pausa entre suas partes, e que no digital fica aquele silêncio quebrando até o ritmo entre uma e outra, hehe, parece pouca coisa, mas isso me incomoda muito na reprodução digital.

É óbvio também que o mercado se adaptou ao tamanho das pessoas que QUEREM comprar discos, antes as pessoas TINHAM de comprá-los. Eu sempre alardeio que a Die Hard só cresceu desde o dia de sua inauguração, nunca tivemos um ano pior que o anterior. Para este ano de 2020, terrível, nefasto, mortal, eu tinha certeza de que seria nosso primeiro ano onde venderíamos menos que o ano anterior, e estava conformado, afinal, seria pra lá de compreensível, mas já tenho dúvidas se acontecerá isso, durante a quarentena trabalhamos na exceção, com todos os cuidados, alteramos por várias vezes a logística, tanto de recepção de produtos quanto de despacho, incluindo nossa própria locomoção, e fomos surpreendidos por vendas significativas, muitas semanas com vendas superiores às respectivas semanas do ano anterior e, se continuar assim como está, teremos mais um ano de crescimento, se só isso já não é um motivo pra desconsiderar matérias como esta do link, não sei o que mais precisa.

Não nos comparemos com as pessoas que não gostam do nosso estilo musical, que não se importam com a mídia física, não há por onde comparar, os arquivos digitais quebram o galho, eu mesmo tenho Deezer, e ouço andando na rua, mas jamais sonhei em não comprar um disco que eu queira porque tem disponível digital. Infelizmente algumas pessoas não podem comprar discos como gostariam, ou como fariam, mas é momentâneo, quem compra, compra, pouco ou muito, de uma forma ou de outra, simples. Eu não estaria falando isso aqui se o mercado estivesse retraído, seria inútil, quando não houver mais condições eu mudo de negócio, simples, não tenho condições de arcar com uma loja que dê prejuízo ou que se estagne.

Digo que pode ser uma bolha, e que não estou sozinho, porque os lançamentos continuam de forma crescente, títulos apetitosos, com uma qualidade superior, tanto as majors lançam, que, burras e surdas poderiam lançar muito mais, quanto as independentes, na Die Hard tem lançamentos todos os dias (não é força de expressão, TODOS OS DIAS TEMOS LANÇAMENTOS), e mais que um por dia, e faz muito tempo que está assim, então, que bolha é essa? Acho que bolha, uma bolhona enorme mesmo, pertence quem não curte mais ter discos, e, repito, no nosso estilo, “não querer” é raro, infelizmente, como já disse, algumas pessoas não podem, mas é temporário, eu já passei por momentos assim, de não poder comprar, e pior, de ter de vender alguns dos meus, mas assim que passou minha fase ruim, voltei a comprar e nunca mais parei.

Não quero afrontar ninguém, não quero ser o cara que só quer ter razão, este é um relato de alguém que coleciona discos há mais de 40 anos, e que se dedicou a vendê-los há mais de 20, e que está se dando muito bem com uma loja física e virtual nestes anos todos, e isso só significa uma coisa, que há um mercado em expansão, que se sustenta, e que há milhares (sim, milhares) de colecionadores que não deixarão suas coleções paradas, porque não existem coleções fechadas, e porque as amam.

Converso com muitos colecionadores amigos, a maioria cliente, e o amigo Elvio Paiva Moreira é um dos mais assíduos nestas conversas, foi ele a me inspirar a redigir mais um texto sobre o assunto, atualizando, digamos assim, a situação!

Em tempos onde um texto maior do que um tweet é chamado pejorativamente de textão, agradeço a você por ter lido até aqui, obrigado! 
Fausto

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