Há três
anos atrás, fomos consultados pela Die Hard Records se haveria interesse de
nossa parte em relançar os dois primeiros discos da Patrulha, vinis de
respectivamente 1980 e 1981, ambos foram editados em formato de Cd pela
primeira vez em 1997, com o nome de
“Dossiê Volume 1 – 1978 / 1981”.
Esse
material encontra-se fora de catálogo há um bom tempo, apesar de sempre haver
demanda da galera do rock em adquirir esses discos, o que muito nos orgulha,
ainda mais nessa época de downloads, Ipod e o cacete.
Mas
naquele momento estávamos nos corres da estrada com a “Base Rock Tour 2011” e
posteriormente em 2012, nos trabalhos do que viria a ser o Cd “Dormindo em Cama
de Pregos” e seu posterior lançamento, portanto o assunto ficou de standby.
Em
2013, numa parada estratégica com o lance de shows e estrada, chegou o momento
de dar prosseguimento a essa parceria com a Die Hard e assim o fizemos, após
acertarmos os detalhes contratuais com a Die Hard Records, foram meses de
trabalho, pesquisando fotos e bônus, escrevendo e reescrevendo textos, dezenas
de horas trabalhando nas artes e idas e vindas à Goiânia para remasterizar o
material no Rocklab, junto a nosso produtor Gustavo Vazquez, mas o resultado de
tanta dedicação valeu a pena, com o apoio incondicional da Die Hard Records,
lançamos o Primeiro em março e agora em julho de 2014, chegou a vez do Segundo.
O
grande lance do Primeiro é que dizem ser o primeiro disco de rock independente
lançado no Brasil, apesar de ser um disco que amamos, na verdade é para nós um
disco de transição, feito depois da separação da Patrulha do Arnaldo, já nesse
Segundo imprimíamos a impressão digital do que seria a obra e estilo da banda
nos anos que viriam, um trio de rock pesado.
Foi
nosso primeiro trabalho dessa formação considerada pela mídia como a formação
clássica da Patrulha, eu na bateria, Dudu Chermont na guitarra e voz e Sergio
Santana no baixo e voz.
Com
essa formação viríamos a gravar três discos fundamentais para a história do
rock no Brasil e ainda já sem o Dudu, mas com a colaboração do lendário
guitarrista argentino Pappo, um EP fundamental na formação do heavy metal
nacional, o Patrulha 85.
Mas, voltando
a este Segundo, para nós o grande diferencial deste disco, foi o fato de o
havermos gravado em um estúdio bem melhor que o Primeiro e em 16 canais,
enquanto o Primeiro sofreu com a limitação de apenas 8 canais, ademais, nesse
Segundo estávamos com um maior domínio das técnicas de estúdio, mas ainda entretando
as limitações orçamentárias de uma banda independente naquela época de estúdios
caríssimos, o gravamos e mixamos no que seria o padrão da Patrulha naquele
então, em apenas 30 horas.
A bem
da verdade, naquela época nem sabíamos como iríamos fazer para prensar o disco,
pois eram tempos de monopólio dos meios de produção de vinil e os custos de
prensagem e impressão de capas eram altíssimos.
Tivemos
a sorte e o azar de naquele momento ser nos oferecido uma proposta de
licenciarmos os fonogramas para uma gravadora ligada a rede Record e com
distribuição nacional feita pela BMG/Ariola, sem muito capital, topamos a
parada, a sorte foi que com isso conseguimos uma forte distribuição a nível
nacional, o que ajudou e muito a tornar a banda conhecida em lugares que jamais
teríamos condições de ir tocar, por outo lado, ficamos presos a um contrato que
nos davam royalties absolutamente ridículos sobre a venda de nosso disco.
Enfim,
corremos atrás do prejuízo, como sempre fizemos na história da Patrulha, caindo
na estrada e tocando um montão, era uma época em que enchíamos Ginásios de
Esportes e Teatros Municipais onde tocavamos, apenas com o boca a boca e a
força de nosso comprometimento com o rock pesado nacional.
Naquele momento, sequer sabíamos que estávamos influenciando
toda uma geração de músicos e bandas que viriam despontar no cenário, já mais
adiantada a década, tinhamos milhares de fãs e muitos deles e seus filhos nos
seguem ainda hoje.
Éramos
uma pequena grande banda, se é que isso seja possível, não éramos uma banda, éramos
irmãos mesmo, uma amizade e parceria espetacular e que sobreviveu durante anos
a todo tipo de vitórias e derrotas.
Com
essa formação, paramos de tocar em meados da década de 80, por puro cansaço e
desgaste de tantos anos de estrada, ensaios, estúdio e autoprodução, não houve
tretas, nem desentendimentos, apenas desgaste, quando paramos, veio o movimento
do tal de BR Rock, comemos o pó da estrada e os ossos do oficio, e os que
vieram ficaram com o filet mignon e as viagens em avião.
Antes
que perguntem, já respondo, não há arrependimentos, fizemos o que tínhamos que
fazer e é só. Sempre haverá aquela questão e se isso? Ou e se aquilo?
Mas por
aqui, essas questões não existem, a vida é feita de escolhas e nós escolhemos
sermos nossos próprios senhores, com as vantagens e desvantagens dessa escolha,
nunca nos submetemos a nenhum produtor, seja de discos, shows ou de televisão,
sempre fizemos o que quisemos e sem pedir nem dar satisfação a ninguém, nosso
único compromisso sempre foi primeiramente conosco e no que acreditávamos e com
nossos fãs e nosso alto compromisso de tocar bem e servir a construção do rock
pesado nacional e hoje, mais do que nunca, passados 35 anos desse nosso
comprometimento, tenho a certeza absoluta que fizemos a escolha certa, basta
ouvir as canções deste Segundo disco, pensar nas limitações em que foi gravado
e nos poucos recursos existentes na época e, acima de tudo, de que vivíamos em
um Estado policial e militar, onde qualquer expressão diferente da estabelecida
como aceitável pelo sistema, era passível de no mínimo levar uns tapas na cara
de um qualquer de uniforme. Ouso dizer que fomos heróis, não heróis solitários,
mas pouquíssimas bandas de rock com expressão estavam na ativa, de verdade
mesmo, ralando na estrada e gravando com assiduidade anual, só consigo me
lembrar do Made in Brazil, inclusive fizemos parceria com eles em vários shows,
ademais, tínhamos ao nosso lado aqueles a quem os artistas e hérois devem tudo:
nossos fãs, amigos e seguidores.
Portanto,
aqui esta esse registro deste Segundo play da Patrulha, já não tão sós como em
1981, agora em 2014 com a parceria de nossos amigos da Die Hard Records,
parceria essa que esperamos continue com outros discos da Patrulha, em plena
democracia política e dos meios de produção, graças a tecnologia digital, a batalha
continua a mesma e o compromisso da Patrulha também. Esperamos que os fãs das
antigas e os novos curtam a reedição desse disco tanto como nós curtimos
fazê-lo na época e curtimos fazer essa reedição agora, muito obrigado por todos
estes anos.
Rolando Castello Junior
Brasília, julho de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário