sábado, 19 de fevereiro de 2011

NOVAS BANDAS BRASILEIRAS DIGNAS DE DESTAQUE

De vez em quando aparece uma região que acaba se transformando em celeiro, em berço, de determinada manifestação artística. Deve haver razões de sobra para sociólogos e afins explicarem isto, o que não vem ao caso neste texto... Alguns exemplos do que estamos falando: os hippies em São Francisco nos States na década de 60, as bandas grunge com camisa de flanela e som setentista na Seattle, também nos States, entre os anos 80 e 90, isto pra ficar na música...

O que nos motivou a redigir e a publicar este texto é o que achamos ser um indício de que podemos estar presenciando o nascimento de um destes pólos numa cidade vizinha a São Paulo, próxima onde, por sinal, surgiu uma leva de bandas punk de primeiríssima qualidade nos anos 70/80, no ABC Paulista, puríssimas, com atitude e autoridade (desemprego, repressão social, etc...), e oriundas de um local pra lá de industrial. Exemplificando: Cólera, Olho Seco, Inocentes, Garotos Podres...

Mauá (que em tupi significa “cidade elevada”) é uma cidade da região metropolitana de São Paulo, do chamado ABC, uma das 50 mais populosas do Brasil, e onde 1/3 é área industrial. Mesmo com o orgulho de cidade grande, ao mesmo tempo e sem ofensa, é como se fosse um bairro de São Paulo. Filhos da geração dos operários (a mesma dos punks!) dos anos 70/80, esses garotos tiveram melhores opções de formação (e informação) e agora são responsáveis por uma nova fornada de bandas bastante originais (não seja por falta de pedigree) e com muita qualidade, criatividade, inspiração e... competência (conhecimento/habilidade). No bom português, são bandas “boas pra caralho”. Surpreendentemente boas! Esses meninos poderiam estar fazendo qualquer música comercial, poderiam estar curtindo, viajando, estudando, só colecionando CDs, mas estão fazendo música, e música que só faz quem curte, quem “pertence”. Música de verdade, música de quem ama a música pela própria música. É rock. Mas este termo ficou perdido no tempo e no espaço, então é rock pesado. Mas este termo ficou brega com o passar do tempo... Então chamemos de Grindcore / Death / Thrash Metal, mas, por favor, não deixe o preconceito ou as restrições tipo “não gosto de vocal assim”, senão você vai deixar de conhecer estas bandas, e o que importa é isto, é conhecê-las. Gostar, comprar, assistir, comentar e outros verbos mais comprometedores poderão ou não ser usados depois de um único verbo ao qual você não deveria se furtar, OUVIR.

Aos interessados (algumas delas estão à venda aqui em www.diehard.com.br):

- Desalmado - http://www.myspace.com/desalmado
- Angry - http://www.myspace.com/angrythrash
- Decried - http://www.myspace.com/decried
- Set Fire - http://www.myspace.com/setfire

Que fique registrado aqui que fomos os primeiros a perceber e divulgar isto =)

Vincent Morrison
Especial e exclusivo para a Die Hard

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma nota após a outra...

“Uma melodia é composta de notas isoladas que se sucedem umas às outras, em sequência, i.e., no tempo. Entretanto uma melodia não possui dimensão no tempo na medida em que a primeira nota só se torna um elemento da melodia porque ela se refere à próxima e porque se coloca numa relação definida a todas as outras notas, incluindo a última. É por esta razão que, embora possa não ser tocada durante algum tempo, a última nota já está presente na primeira como um elemento criador da melodia. E a última nota completa a melodia somente porque ouvimos a primeira nota junto com ela. As notas soam uma após outra, numa sequência temporal e, por isso, possuem uma duração real, mas a linha melódica coerente não possui dimensão no tempo; a relação das notas entre si não é um fenômeno que ocorra no tempo. A melodia não surge gradualmente no fluxo temporal, mas já existe como uma entidade completa assim que a primeira nota é tocada. De que outra forma saberíamos que uma melodia começou? As notas individuais possuem duração temporal, mas suas relações entre si, que dão significado aos sons individuais , estão fora do tempo. Uma dedução lógica também tem sua sequência, mas a premissa e a conclusão não se seguem, temporalmente, uma à outra. O processo de pensamento enquanto processo psicológico pode ter uma duração, mas as formas lógicas, como as melodias, não pertencem à dimensão temporal.”

Texto de Bela Balázs, da antologia “A Experiência do Cinema”, do Prof. Ismail Xavier (organizador), Ed. Graal, 4ª. Edição, 1983

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Música de Nick Cave para o filme "A Proposta" (roteiro dele também)

The Rider Song

'When?' said the moon to the stars in the sky
'Soon' said the wind that followed them all

'Who?' said the cloud that started to cry
'Me' said the rider as dry as a bone

'How?' said the sun that melted the ground
and 'Why?' said the river that refused to run

and 'Where?' said the thunder without a sound
'Here' said the rider and took up his gun

'No' said the stars to the moon in the sky
'No' said the trees that started to moan

'No' said the dust that blunted its eyes
'Yes' said the rider as white as a bone

'No' said the moon that rose from his sleep
'No' said the cry of the dying sun

'No' said the planet as it started to weep
'Yes' said the rider and laid down his gun


A Canção do Cavaleiro
(tradução livre)

"Quando?" disse a lua às estrelas no céu
"Logo" disse o vento que seguia a todos

"Quem?" disse a nuvem, que começou a chorar
"Eu", disse o cavaleiro tão seco como um osso

"Como? " , disse o sol que derreteu o chão
e "Por Quê? " disse o rio que se recusou a correr

e "Onde?" disse o trovão, sem nenhum som
"Aqui", disse o cavaleiro e pagou sua arma

"Não" disse as estrelas à lua no céu
"Não" disse as árvores que começaram a gemer

"Não", disse a poeira que entra nos olhos
"Sim", disse o cavaleiro branco como um osso

"Não", disse a lua que se levantou de seu sono
"Não" disse o grito do sol, moribundo

"Não", disse o planeta que, como ele, começou a chorar
"Sim", disse o cavaleiro, e baixou sua arma