sábado, 18 de fevereiro de 2012

Megalomania na Galeria

Recebemos no final do sábado, 18.02.12, um folheto de divulgação do síndico da Galeria do Rock, das mãos do segurança gente boa, portanto, oficial. Que triste ver quem deveria nos representar no meio de um monte de gente de terno e gravata recebendo prêmio disso ou daquilo, pelas fotos dá até pra ouvir "oh, outrossim", "oh, data venia"... Que atitude mais anti-rock’n’roll. Nossos heróis da música, que construíram o passado e inspiraram o nome desta Galeria estão sendo humilhados. Mas, sejamos democráticos, muita gente deve achar bonito isto, pra estar sendo divulgado assim sem nenhum constrangimento.

Não bastasse isso, do outro lado do mesmo folheto tem um texto "Revolução Cultural da Galeria do Rock" onde, megalomaniacamente (começa pelo título), diz “grandiosidades” como “A Galeria do Rock promoveu uma verdadeira revolução cultural que nem Mao Tsé-Tung conseguiu”, “Woodstock permanente que acontece todo dia ”(sic), “Fomos tema da novela... onde um dos atores representava o papel de líder, baseado em nosso (do síndico, o plural confunde - parêntesis nossos) papel na Galeria”, etc... e não pára, consta neste folheto ainda que os enfeites de natal daqui ficaram “simplesmente fantásticos, elogiados por todos que vêm”... Nossa opinião sobre tudo e principalmente sobre estes enfeites de natal, sempre expressas aqui mesmo, é que o enfeite deste ano era, não diferente de anos anteriores, um verdadeiro lixo kitsch, e que nos desculpe quem os concebeu, o artista que divulga sua obra tem de receber críticas e opiniões diversas, assim como quem divulga, quem publica um texto como este também tem de ter esta postura, este texto que você está lendo não está fora desta lógica, muito pelo contrário, o blog é um mecanismo democrático e o espaço está aí, logo abaixo, pra quem se interessar, divergindo ou concordando, desde que, como este nosso texto, critique o trabalho, os feitos, as opiniões e não desrespeite as pessoas, sua honra ou caráter. Estamos apenas nos utilizando de nosso direito de expressar nossa opinião sobre o que foi entregue dentro da loja, jamais fomos buscar notícias fora.

Pra fechar, o texto termina com uma pérola: "como diria Carl Gustav Jung 'A Galeria do Rock entrou para o inconsciente coletivo da nossa História'”... Não dá pra ficar sem falar nada... Menos... Menos... Não nos esqueçamos da Teoria da Sincronicidade, do mesmo Jung, sabemos que muitas lojas estão tão incomodadas quanto nós, nada é para sempre, uma hora as coisas podem mudar, nada é para sempre.

Sentimos falta do Rock na Galeria, cadê as iniciativas que têm a ver com isto aqui? Temos toda a estrutura e os malhores profissionais e entendedores do país, alguém precisa dizer pra eles que existe rock além do Raul, e nada contra o Raul, claro, hein... Sentimos falta do bom gosto artístico, não só nestes enfeites bregas mas no absurdo que fizeram nas escadas rolantes, sujaram suas laterais e chamam aquilo de "arte", por favor... Existiu uma programação "cultural" para julho, o mês do rock, e o banner só foi colocado no último dia útil de julho, acredite... O certo é ouvir os frequentadores, nos vivemos com eles diariamente, de todo o país, roqueiros e bangers de verdade, os que ainda visitam a Galeria, que se chocam com o que vêm, e com o que não vêm mais aqui...

Repetindo o que sempre dissemos, esta administração é excelente no que diz respeito à segurança, à limpeza, às obrigações condominiais com os órgãos públicos (prefeitura, bombeiros, etc...) e concessionárias (luz, água...), apesar de ter sempre por onde melhorar, por exemplo não temos serviço de banda larga (!?!?!?), o que criticamos aqui é a falta de senso artístico-musical, há pessoas aqui dentro utilizando seu talento fora da Galeria, quando não o sufocando por falta de espaço aqui. E criticamos também, claro, os arroubos megalomaníacos do texto, parecendo querer disfarçar esta deficiência.

Citamos acima partes do texto do panfleto recebido e editamos o que achamos ser erros, talvez de concordância. Se você quiser ver tudo, frente e verso disponíveis logo abaixo.

Obrigado e desculpe o desabafo, você que está lendo, e que nos desculpe o próprio redator do texto criticado caso sinta que não deva sê-lo, nada contra sua pessoa ou sua administração, com o perdão da redundância, administrativamente falando, mas somos parte desta Galeria, e não nos vemos representados, não concordamos com muita coisa, e é isto que tentamos expor aqui, e o intuito é que quem tem o poder de melhorar as coisas tenha também a oportunidade de ouvir os descontentes, pois, como dissemos, não somos os únicos, temos conhecimento que não. Nossa intenção jamais for jogar pedras no trabalho dos outros, mas apenas poder, ao menos, falar, já que, como diz o ditado popular, "quem fala o que quer, ouve o que não quer."

Finalizemos com uma pergunta: Qual o objetivo da divulgação deste texto?







sábado, 11 de fevereiro de 2012

Judas Priest - Stained Class

Quando falamos em Heavy Metal, o nome Judas Priest surge em nossas mentes de forma quase automática. Quando falamos em Judas Priest, a imagem da gilete de British Steel aparece em nossas mentes de forma quase que holográfica. Todo apreciador de classic rock, todo headbanger entende que se não fosse o Hell Bent For Leather dar as pistas necessárias para o visual e para o som, British Steel, no mínimo, seria bem diferente. Sem dúvida isso é verdade, porém essa busca por uma sonoridade mais ácida e direta começa já nos primeiros trabalhos, mas em Stained Class parece que o caminho foi encontrado. Guitarras gritadas, vocais em falsete, contra baixo com sonoridade mais grave segurando as tônicas, e bateria mais pesada têm em Stained Class sua marca registrada. Essas características de som seriam aprendidas pela maioria das bandas de metal 80´s como o poderoso Accept por exemplo. Basta comparar Exciter que abre o álbum em questão com uma fantástica Fast as a Shark, e o leitor amigo poderá tirar suas conclusões. Desde Rocka Rolla o Judas buscava sua identidade, e foram criando diferentes fórmulas para cada álbum lançado. Até Sin After Sin, a banda possuía um som mais elaborado, com interlúdios, vinhetas, uso de teclados, pianos e certa quantidade de overdubs. Em Stained Class a banda captura a crueza das apresentações ao vivo e as traz para dentro das composições. Soa familiar não? Nessa época o talentoso baterista Les Binks assume as baquetas, pois Simon Philips, que gravou o disco anterior, era apenas um músico contratado e não saiu em turnê para divulgar Sin After Sin. Binks assina a autoria juntamente com Halford de um dos maiores clássicos da banda, Beyond The Realms Of Death. O dedilhado de violão foi criado por Binks e deixou Downing de queixo caído, e Halford já tratou de encaixar a letra. Todos os músicos participaram das composições em Stained Class, inclusive um calado, mas competente, Ian Hill, que assina os créditos em Invader, juntamente com Tipton e Halford.
Já em Stained Class temos a mudança da logo. É a primeira vez que a logo eletrificada aparece, substituindo a logo gótica dos 2 álbuns anteriores. O apelo “ficção científica” com um enigmático crânio metálico derretido e suas cores quentes indicam uma poderosa mudança no visual e na potência sonora. Mas ainda aqui, a banda ainda não estava usando os adereços de couro, e sim as esquisitas camisas floridas e calças boca de sino típicas dos anos 70. Stained Class foi gravado entre novembro e dezembro de 1977, utilizando estúdios e produtores diferentes. Quase todas as trilhas foram produzidas por Dennis MacKay e registradas no Chipping Norton studios na Inglaterra. Quando foi solicitada a gravação para o single, uma cover da banda Spooky Tooth foi escolhida, mas Mackay não estava disponível para a produção, então a banda contatou James Guthrie para produzir a trilha no Utopia Studio. O problema é que, anos mais tarde, Better By You Better Than Me se tornaria um dos ganchos para o processo que a banda enfrentaria. Em junho de 1990
James Vance, de 20 anos, e seu amigo Raymond Belknap de 18, fizeram um pacto após fumar muita maconha, beber e ouvir Stained Class inúmeras vezes. Um pacto de suicídio que ocorreu tristemente dois dias antes do Natal de 1985 em Reno, Nevada (EUA). Esses dois malucos escaparam para os fundos de uma igreja levando uma espingarda de caça, decididos a acabar com suas vidas. Belknap foi o primeiro a colocar a arma debaixo de seu queixo e disparar, morrendo instantaneamente, enquanto Vance sobreviveria com severas deformações em sua face. Depois disso Vance escreve uma carta aos pais de Belknap dizendo que o álcool e a música de bandas como Judas Priest, os levaram a concluir que a resposta para vida seria a morte. A família Belknap levou então a carta de suicídio ao advogado Attorney Ken McKenna. Como Halford declarara em entrevista, esses jovens não cometeram suicídio por conta do heavy metal, e sim porque vinham de lares destruídos, e estavam profundamente envolvidos com bebidas e drogas. McKenna,baseou sua tese de acusação no fato de a música do Judas inspirar a violência e o péssimo comportamento. No decorrer do processo, McKenna percebeu que precisava de uma nova “bola em jogo” para sustentar sua acusação, e quando o processo caminhava já a favor da banda, é declarada a existência de mensagens subliminares no disco todo, especialmente na faixa “Better By You Better Than Me”. McKenna declara a existência de um “do it” (faça!), que se repetia como um looping enquanto o refrão é cantado. Mais tarde foi descoberto que havia uma combinação de overdubs de guitarras, e, se o leitor amigo prestar atenção, escutará algo parecido com o do it, mais talvez porque isso tenha sido dito, até mesmo aqui nesse texto. O irônico é que Stained Class possui bem menos overdubs que os demais álbuns dos anos 70. O mais “irônico”, segundo Halford, é que escolheram uma canção que não é da autoria do Judas Priest. “Better By You... “foi uma tentativa de emplacar a banda nas FM´s. A letra não fala sobre suicídio ou mal comportamento, e sim sobre o sentimento de lutar na guerra para defender seu país, mas para isso é preciso abandonar a namorada para ingressar no front de combate. Se o leitor amigo quiser conferir uma pequena entrevista no youtube a respeito desse assunto, basta pesquisar: “Attorney Ken McKenna Subliminal Judas Priest Trial Interview.”
Muito é dito sobre mensagens subliminares. Quando, por exemplo, a BBC fazia suas transmissões nos anos 1920, muitos acreditavam que o rádio era algo maligno. Para mudar essa atitude, a BBC construía pequenos trechos em seus jingles que ficavam “ocultos” ao ouvido, mas que poderiam ser captados pela mente. Esses trechos tocados de trás para frente diziam o seguinte ao ouvinte amigo: ”Isto não é um laço, não, realmente isso não é.”.
No caso do processo, o juiz deu ganho à banda por entender que se tratava de um “acidente” de produção e que a existência do “do it” era apenas combinação de diferentes sons de guitarra sobrepostos.
O leitor amigo poderá concordar ou não com a possível existência das tais mensagens subliminares, ou mesmo, que Stained Class é o disco dos anos 70 que mais apresenta a sonoridade e peso dos 80´s. Audição altamente recomendável.

Píer Carllo Braghirolli
pcl-brag@uol.com.br

Obrigado de novo, Pier :)