quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Sobre a indústria fonográfica...

 Numa postagem sobre o fim do CD (de novo!!!) ou algo assim, fui marcado por um amigo, este texto abaixo é minha resposta a ele, como sempre venho aqui me pronunciar sobre o assunto, sempre e sempre, já previa que precisaria voltar aqui pra deixar minha impressão, pedi autorização pra divulgar o mesmo texto, o marcando, como eu previa, muitos amigos estão me contatando, tanto inbox quanto me marcando em seus posts e comentários, então, segue a resposta a ele, com uma breve introdução.

Estão tentando matar o rock, o punk, o vinil, agora o CD, etc, cada matéria tem seu interesse, algumas estão desinformadas, outras descontextualizadas, outras com intenções de tirar o foco, outras pra focar outra coisa, e algumas só pra chamar a atenção mesmo, a mídia sendo a mídia, afinal, não tenho mais saco de ler sobre este assunto pois minha realidade é outra, já pensei ser uma bolha, uma fase, exceção, mas não, acho que finalmente nos localizamos no nicho e nos readaptamos, o dólar fazendo os importados ficarem cada vez mais caros e a qualidade dos produtos brasileiros cada vez melhor, mais um monte de variáveis a favor fazem com que eu não concorde nem de longe com matéria alguma que tenha este teor. No texto eu digo que esta pauta não é pra nós, colecionadores, pois foi num grupo de colecionadores, mas esta pauta não é pra quem curte mídia física em geral, além do que o conceito de coleção é muito amplo.
Segue a resposta:
Olá João Paulo Prado, deixo aqui meu depoimento em respeito a vc ter me marcado em sua postagem, não quero ofender a ninguém, nem parecer que tenho a verdade final, pois não a tenho. Minha opinião, e apenas isso, baseado em minha experiência de lojista especializado e em mais nada, que ninguém se sinta incomodado com o que eu vou dizer, por favor, porque não há nada nas entrelinhas, há apenas o que eu penso, e uso minha liberdade de expressão e seu convite para expor: Este assunto é polêmico, as pessoas usam MAIS da paixão, e é compreensível que assim seja, somos colecionadores, porém não acredito no fim da mídia física, talvez (e muito talvez) a longo prazo. O que estamos passando agora é ainda a transição do que era uma indústria que abrangia a todos os apreciadores de música para um público especializado (entre este, nós, os colecionadores), nem as antes “majors” entenderam isso, e não é arrogância da minha parte, sou cliente deles e atesto, eles não sabem o que possuem na mão, reparem os mais recentes lançamentos de ambas e me darão razão (Ozzy, Satriani, Metallica...), fora os títulos clássicos que têm e subestimam. Somos um nicho agora, e precisamos encarar isso. Sem comparação, mas ainda existem lojas de boinas, relojoeiros, tabacarias, etc... Hoje uma loja de CDs é vista como um mix de antiquário e joalheria, sem preconceitos, tem seu teor de verdade isso. O fato de não estar na mídia e de não encontrarmos mais os CDs nos shoppings é um resultado óbvio do processo, é a lei da oferta e procura. O que temos hoje? As “majors” decaindo a cada dia, e as pequenas tomando o espaço que sempre lhes pertenceu por direito, como era antes (Neat, Noise, Gun, Megaforce...), tirando algumas destas pequenas brasileiras cujo poder administrativo é, infelizmente, condizente com o seu tamanho e limitam, lamentavelmente, sua distribuição. E, novamente meu blábláblá aqui, nunca a Die Hard vendeu tanto, e isto é um fato, é objetivo, não é opinião baseada na subjetividade, são números, é estatística, repito a verdade desta frase: NUNCA VENDEMOS TANTO. Sou colecionador, e nesta condição opino (agora é opinião de colecionador mesmo), os CDs estão mais bonitos, com melhor qualidade, as embalagens estão especiais, temos mais opções. Ok, as edições são um pouco mais caras, e todas as edições são agora, praticamente, edições limitadas. A quantidade de CDs prensados em cada edição só está formatada de acordo com a procura, são mais títulos à disposição, muitos mais, e, não, o CD não está morrendo nem no Brasil e nem em nenhum lugar do mundo, só se adaptando à realidade, mais nada. O vinil voltou, muita gente que cair nessa voltará a comprar CDs no futuro, anote aí. E, antes de mais nada, se este mercado estivesse morrendo minhas palavras não fariam o menor efeito, além de colecionador sou microempresário, minha equipe tem 6 pessoas, vendo muito no balcão e online, estamos (e não só nós, por sorte) vendendo, e bem, isso tem que ser considerado, estas realidades precisam ser ouvidas, não adianta lamentar os bilhões do passado, que nem era tão bom assim pro nosso mercado, talvez os preços sejam a parte boa daquela época, mas só. Resumo: não caiamos nessa, esse tipo de pauta não é pra nós, colecionadores, é pra quem comprava CDs por não ter outra opção, hoje, opção de ouvir música supostamente de graça não falta, logo, a mídia física é pra quem a aprecia, e, claro, pode adquiri-la, já passei momentos na vida em que não pude comprar discos, mas, assim que me recuperei, voltei com tudo. Há procura, logo, ofertarão. Valeu irmão, obrigado por me marcar, e grande abraço!
Foto: estou numa parede sem CDs não é pra provocar, hehe, é que tiramos os CDs da exposição aqui na loja por dois motivos, primeiro porque os clientes estão numa pequena área da entrada, seria maldade expor os CDs e não deixar o cliente entrar pra vê-los, pegá-los... O outro motivo é este, não podemos deixar que sejam manuseados sem o cuidado que a nossa triste época exige. Valeu!

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